quinta-feira, 17 de junho de 2010

inverdades(?)


E eu aqui, pensando ser inédito, quem dera fosse! Nunca se é, sempre se tenta, mas é impossível. Todos nós pensamos coisas que parecem ser só nossas mas não são. O que pensamos é pensado por muitos exemplares de seres humanos... tudo isso porque somos uma coisa só, separados por diferenças mas iguais acima de tudo. Iguais na diferença (que clichê isso!)...
Falamos igual sobre angústias, sobre alegrias, sobre amor. Eu falo sobre amor. E amo, e choro, e me angustio, e quero me livrar disso tudo, e quero amar para sempre... O sentimento que mais nos prova que realmente estamos vivos (?)... Uma vez li um livro de introdução à Filosofia e em certo capítulo o autor questionava a real existência da realidade que nos cerca; dizia que tudo que vemos, sentimos, pode ser uma criação de nossa mente. O que existe realmente é só eu e todo o resto é pensamento, criação de mim mesmo. Talvez seja, quem pode me provar de verdade que não é isso? Estou sendo egoísta em dizer que só eu existo? Talvez acreditar nisso me dê mais coragem para não levar a vida tão a sério, para não achar que eu deva me portar de forma mais contida, de forma mais conveniente...

Então, por quê o amor? Por quê eu, afirmando minha existência solitária, criaria coisas para amar? O amor é altruísta demais: o amante pensa primeiro no amado... Talvez porque acredite que sua felicidade depende da felicidade do amado (mais um clichê); é provável que isso seja verdade. Eu penso agora que o amor não é tão altruísta assim, pois você só quer a felicidade do outro para poder alcançar a sua, logo isso é bem egoísta... Não sei, acho que não adianta questionar a idoneidade do amor... Apenas amemos... "O que é preciso ninguém precisa explicar" (Engenheiros do Hawaii).

Crédito da imagem: "Love" de Original_Marshmallow no deviantart.com.

domingo, 13 de junho de 2010

sobre cafés e sombras à noite

 O café que me acorda nesse momento é bem diferente: nos outros dias ele é mais adocicado, mais fraco; agora ele é amargo, forte, me faz acordar de verdade. Quase sempre quando tomo café logo ao acordar lembro dos cafés da velha New House: era sempre hora para degustar (risos) essa bebida singular. Antes e depois dos treinos clandestinos de Taekwondo; antes, durante e depois das gravações amadoras de músicas no gravador e microfone improvisados (toda parafernália eletrônica feita por Jairo). Além do café e do equipamento de som, também me lembro das "pastas": o macarrão à italiana -ou pelo menos que assim julgávamos ser-, ou da meditação ao som de Enya... Já que estamos nesse clima de copa do mundo, recordo-me que assistimos eu, Pablo e Jairo à copa de 2002; obviamente que em nossas mãos havia copos cheios... de café!!


O café, a "pasta", a meditação, o taekwondo, as músicas, o violão, crônicas e poemas, vinho, livros, o jornal que nunca foi, tudo isso faz parte de nossa amizade. Alguns desses símbolos ainda resistem, ainda não nos abandonaram; outros só me lembro o quanto foi bom contar com eles. Ah!!! a última lembrança: tocar violão à sombra noturna da castanholeira da velha New House. Eu achava que nunca iria lembrar daqueles episódios com tamanha saudade e no entanto, cá estou...

 Crédito da imagem: "Coffe" de coachman no deviantart.com

sexta-feira, 11 de junho de 2010

sobre as gramas do quintal

A vida tem dessas coisas: escolhas erradas, chuvas que não caem, raios de sol que não tocam o chão, músicas que não são feitas, palavras que não são ditas, beijos que não são dados. Maldito mundo interno! Acho que o que fazemos e falamos é só a ponta do iceberg da vivência humana.

Quantas vezes choro por dentro sem que ninguém saiba; ou quantas vezes sinto uma vontade de rir de alguma coisa que seria extremamente inconveniente rir, e isso fica só dentro... naquela coisa egoísta... E as pessoas dizem "vamos lá, compartilhe comigo, desabafe". Não! Os sentimentos, principalmente a dor, é muito mais intenso quando se guarda toda a imprevisibilidade só pra você mesmo... Claro que isso é só por um tempo... Chega a hora que toda dor, todo amor, toda dúvida, toda a certeza, tem que ser compartilhada com alguém para que esses sentimentos tenham mesmo sentido (se é que eles realmente têm); ou para que se diminua o peso enorme do sentir...

E agora, quem seria o guardador/compartilhador de sentimentos? Um amigo, uma amiga, o amado, a amada, um padre... Qualquer um em quem possa confiar a amostra de um pedacinho mais do seu "iceberg". O importante é saber a hora certa de se lembrar que os outros também podem nos ajudar (num sei se estou sendo egoísta, foda-se!), seja dividindo dores, seja somando nas alegrias, seja compartilhando um momento de silêncio; segurando nossas mãos quando o desespero tenta tomar as rédeas da situação...

Porém, nem sempre os quintais têm grama, temos que ficar atentos quanto a isso.

Crédito da imagem: "Friends" by x___BlackStars on deviantart.com

quinta-feira, 3 de junho de 2010

a última epístola

Amiga (ou o quer que você seja), você me invadiu. Você ria pra mim enquanto eu abaixava a cabeça ou te evitava sem motivo algum. Eu pensei que assim seria mais fácil viver mas me enganei; você foi a maior prova de que eu estava errado. Muitas vezes passei por você torcendo para que não falasse comigo, e você falava, você sorria aquele riso grande, metálico, seus olhos grandes me fitavam por cima dos óculos; depois me abraçava e me deixava estarrecido com tudo aquilo, com você... Meu chão teimava em fugir; todos os lugares comuns das narrativas românticas teimavam em me atormentar.
Até certo ponto você foi a resposta exata para o que eu tinha perguntado (dá-lhe Raul), mas você foi tanto que no fim eu nem sabia mais o que tinha perguntado, não sabia mais quem era, eu não sabia mais ser. Por muitas vezes me senti apavorado, porém decidido a contar-lhe tudo, mas não conseguia (até hoje acho que não consigo). Depois de tanto tempo você ainda me deixa abobado, bestificado, impressionado quando me aparece ou quando recita poemas. Nunca me esqueço daquela vez em que tocou aquela música da Paula Toller ("O que é que eu sou")... Acho que você sabe...
Você já doeu muito em mim, mas agora não. Agora você adormece tranquilamente em mim, até o momento em que eu te vejo e você acorda fazendo muito barulho, dizendo "oi" ou gritando o meu nome; e meus ouvidos parecem ficar sensíveis de mais. Eu te cumprimento. Beijo o seu rosto e me dá vontade de sumir contigo, de te raptar, mas não... Você tem uma vida, sua vida. Tem ele que te rapta, tem sua dança que te completa... Eu chego à conclusão de que tenho pelo menos alguns minutos de completude toda vez que converso contigo. Isso não me basta mas consola.

Numa madrugada dessas tive a certeza de que você ainda não tinha sumido de mim: ele, você, uma praça... Ah...!! Que inveja!!!

P.S.: Prometo que essa é a última!

Imagem: "Rain_Dance_03" by fbuk no deviantart.com