domingo, 4 de julho de 2010

fim

this is the end, my friend! my only friend, the end!

e ponto.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

inverdades(?)


E eu aqui, pensando ser inédito, quem dera fosse! Nunca se é, sempre se tenta, mas é impossível. Todos nós pensamos coisas que parecem ser só nossas mas não são. O que pensamos é pensado por muitos exemplares de seres humanos... tudo isso porque somos uma coisa só, separados por diferenças mas iguais acima de tudo. Iguais na diferença (que clichê isso!)...
Falamos igual sobre angústias, sobre alegrias, sobre amor. Eu falo sobre amor. E amo, e choro, e me angustio, e quero me livrar disso tudo, e quero amar para sempre... O sentimento que mais nos prova que realmente estamos vivos (?)... Uma vez li um livro de introdução à Filosofia e em certo capítulo o autor questionava a real existência da realidade que nos cerca; dizia que tudo que vemos, sentimos, pode ser uma criação de nossa mente. O que existe realmente é só eu e todo o resto é pensamento, criação de mim mesmo. Talvez seja, quem pode me provar de verdade que não é isso? Estou sendo egoísta em dizer que só eu existo? Talvez acreditar nisso me dê mais coragem para não levar a vida tão a sério, para não achar que eu deva me portar de forma mais contida, de forma mais conveniente...

Então, por quê o amor? Por quê eu, afirmando minha existência solitária, criaria coisas para amar? O amor é altruísta demais: o amante pensa primeiro no amado... Talvez porque acredite que sua felicidade depende da felicidade do amado (mais um clichê); é provável que isso seja verdade. Eu penso agora que o amor não é tão altruísta assim, pois você só quer a felicidade do outro para poder alcançar a sua, logo isso é bem egoísta... Não sei, acho que não adianta questionar a idoneidade do amor... Apenas amemos... "O que é preciso ninguém precisa explicar" (Engenheiros do Hawaii).

Crédito da imagem: "Love" de Original_Marshmallow no deviantart.com.

domingo, 13 de junho de 2010

sobre cafés e sombras à noite

 O café que me acorda nesse momento é bem diferente: nos outros dias ele é mais adocicado, mais fraco; agora ele é amargo, forte, me faz acordar de verdade. Quase sempre quando tomo café logo ao acordar lembro dos cafés da velha New House: era sempre hora para degustar (risos) essa bebida singular. Antes e depois dos treinos clandestinos de Taekwondo; antes, durante e depois das gravações amadoras de músicas no gravador e microfone improvisados (toda parafernália eletrônica feita por Jairo). Além do café e do equipamento de som, também me lembro das "pastas": o macarrão à italiana -ou pelo menos que assim julgávamos ser-, ou da meditação ao som de Enya... Já que estamos nesse clima de copa do mundo, recordo-me que assistimos eu, Pablo e Jairo à copa de 2002; obviamente que em nossas mãos havia copos cheios... de café!!


O café, a "pasta", a meditação, o taekwondo, as músicas, o violão, crônicas e poemas, vinho, livros, o jornal que nunca foi, tudo isso faz parte de nossa amizade. Alguns desses símbolos ainda resistem, ainda não nos abandonaram; outros só me lembro o quanto foi bom contar com eles. Ah!!! a última lembrança: tocar violão à sombra noturna da castanholeira da velha New House. Eu achava que nunca iria lembrar daqueles episódios com tamanha saudade e no entanto, cá estou...

 Crédito da imagem: "Coffe" de coachman no deviantart.com

sexta-feira, 11 de junho de 2010

sobre as gramas do quintal

A vida tem dessas coisas: escolhas erradas, chuvas que não caem, raios de sol que não tocam o chão, músicas que não são feitas, palavras que não são ditas, beijos que não são dados. Maldito mundo interno! Acho que o que fazemos e falamos é só a ponta do iceberg da vivência humana.

Quantas vezes choro por dentro sem que ninguém saiba; ou quantas vezes sinto uma vontade de rir de alguma coisa que seria extremamente inconveniente rir, e isso fica só dentro... naquela coisa egoísta... E as pessoas dizem "vamos lá, compartilhe comigo, desabafe". Não! Os sentimentos, principalmente a dor, é muito mais intenso quando se guarda toda a imprevisibilidade só pra você mesmo... Claro que isso é só por um tempo... Chega a hora que toda dor, todo amor, toda dúvida, toda a certeza, tem que ser compartilhada com alguém para que esses sentimentos tenham mesmo sentido (se é que eles realmente têm); ou para que se diminua o peso enorme do sentir...

E agora, quem seria o guardador/compartilhador de sentimentos? Um amigo, uma amiga, o amado, a amada, um padre... Qualquer um em quem possa confiar a amostra de um pedacinho mais do seu "iceberg". O importante é saber a hora certa de se lembrar que os outros também podem nos ajudar (num sei se estou sendo egoísta, foda-se!), seja dividindo dores, seja somando nas alegrias, seja compartilhando um momento de silêncio; segurando nossas mãos quando o desespero tenta tomar as rédeas da situação...

Porém, nem sempre os quintais têm grama, temos que ficar atentos quanto a isso.

Crédito da imagem: "Friends" by x___BlackStars on deviantart.com

quinta-feira, 3 de junho de 2010

a última epístola

Amiga (ou o quer que você seja), você me invadiu. Você ria pra mim enquanto eu abaixava a cabeça ou te evitava sem motivo algum. Eu pensei que assim seria mais fácil viver mas me enganei; você foi a maior prova de que eu estava errado. Muitas vezes passei por você torcendo para que não falasse comigo, e você falava, você sorria aquele riso grande, metálico, seus olhos grandes me fitavam por cima dos óculos; depois me abraçava e me deixava estarrecido com tudo aquilo, com você... Meu chão teimava em fugir; todos os lugares comuns das narrativas românticas teimavam em me atormentar.
Até certo ponto você foi a resposta exata para o que eu tinha perguntado (dá-lhe Raul), mas você foi tanto que no fim eu nem sabia mais o que tinha perguntado, não sabia mais quem era, eu não sabia mais ser. Por muitas vezes me senti apavorado, porém decidido a contar-lhe tudo, mas não conseguia (até hoje acho que não consigo). Depois de tanto tempo você ainda me deixa abobado, bestificado, impressionado quando me aparece ou quando recita poemas. Nunca me esqueço daquela vez em que tocou aquela música da Paula Toller ("O que é que eu sou")... Acho que você sabe...
Você já doeu muito em mim, mas agora não. Agora você adormece tranquilamente em mim, até o momento em que eu te vejo e você acorda fazendo muito barulho, dizendo "oi" ou gritando o meu nome; e meus ouvidos parecem ficar sensíveis de mais. Eu te cumprimento. Beijo o seu rosto e me dá vontade de sumir contigo, de te raptar, mas não... Você tem uma vida, sua vida. Tem ele que te rapta, tem sua dança que te completa... Eu chego à conclusão de que tenho pelo menos alguns minutos de completude toda vez que converso contigo. Isso não me basta mas consola.

Numa madrugada dessas tive a certeza de que você ainda não tinha sumido de mim: ele, você, uma praça... Ah...!! Que inveja!!!

P.S.: Prometo que essa é a última!

Imagem: "Rain_Dance_03" by fbuk no deviantart.com

sábado, 29 de maio de 2010

"a menina que não gosta de nada"

Ela segurava o seu aparelho celular com as duas mãos; os olhos fixos nalgum lugar distante, além da lua que já nascia às cinco da tarde. Ela se perdia a olhar a lua de vez em quando e comentava da sua cor ou da velocidade com que subia no céu. Eu não sei se consigo prestar totalmente atenção no que ela diz, pois tento perceber cada  nuance do seu sotaque singular: desde um xingamento até uma interjeição diferente.

"A menina que não gosta de nada", eu disse, ela sorriu.

Ela não sabe que a primeira coisa que notei nela foi seus cabelos curtos, cacheados. Gosto muito quando o vento bate e ela parece não ligar para arranjar os seus cabelos em qualquer penteado comum à vaidade feminina; ela age de uma forma muito natural. Ela não via que a câmera estava apontada pro seu rosto, porém, no último segundo, percebeu e pôs as mãos na frente e fez uma cara de reprovação, mesmo assim consegui tirar a foto. Dá pra ver o relógio de pulseira quase transparente, a fitinha vermelha que contrasta com sua pele branca, e um de seus olhos quase a querer quebrar as lentes da câmera. Olhando outra vez a foto percebo que o olhar dela não é bem esse, talvez seja o estágio anterior ao da vontade de quebrar as lentes; as lentes capturaram o momento exato de algo que eu não sei definir agora. Ainda estou digerindo a imagem, a forma como segura o aparelho celular, os dedos; se olhar bem para o pescoço, posso ver um pedaço da corrente cujo pingente é a letra "B"...

Queria que minhas letras definissem com mais clareza o que vi naquela tarde e nessa foto, mas talvez isso seja um exercício inútil que estou insistindo em praticar. Quem sabe nada disso tenha esse sentido que estou tentando passar. E eu apenas estou exercitando a minha capacidade de fingir, de dizer coisas que não vejo, de descobrir coisas que não existem e de tentar viver bem com tudo isso...

Imagem: "Day_Moon" by cycoze on deviantart.com

quarta-feira, 26 de maio de 2010

franqueza

Não sei bem das coisas, mas sei enrolar. Sei dizer e desdizer. Falar e mesmo assim manter um silêncio glacial. Ahh...silêncios glaciais... como sou bom nisso! Digo qualquer coisa que me vem à cabeça, porém tudo isso é silêncio, não é o que sinto de verdade; se fosse, minhas palavras não me sufocariam, minhas palavras não me diriam que estou quase sempre errado, elas não me diriam que faço o errado a quase todo momento, enfim, elas não diriam que sou tão tosco assim. Gelado, acho que é essa a palavra. Minha família já deve ter notado, antes mesmo que eu me desse conta e começasse a me beliscar, a atentar para minha própria verdade frustrante. Antes mesmo que eu desse o golpe final do entendimento do óbvio. Este óbvio que há muito tento entender e compreender para poder modificá-lo...
O melhor de mim é que consigo me extravasar aqui, e em casa quando ouço minhas músicas. Os acordes distorcidos do Slayer, baterias ligeiras, meus olhos fechados e compenetrados em qualquer visão mítica que me venha à cabeça. Não sei se essa sensação é normal, mas parece que meu eu dá saltos a cada batida da caixa da bateria, mesmo que eu esteja apenas deitado numa rede sem mexer nenhum de meus músculos.
Entretanto não posso ouvir música o tempo todo, até porque ela perderia o sentido que tem: remédios costumam perder o efeito quando são usados sempre... Então volto a me corroer por dentro. Volto a sentir o gosto amargo de não gostar de mim (ou de partes de mim), de não gostar das atitudes dos outros e aguentar calado, me engasgar com as idiotices dos outros, sentir o cheiro acre e desagradável de qualquer ridículo...
Peço desculpas mas essas palavras estavam pedindo pra saírem de mim, foi inevitável.

Imagino que no dia que eu finalmente me entender; no dia que eu puder definir a melhor máscara pra usar; no dia que eu parar de procurar sentidos inúteis para as coisas; no dia que meus pilares de sustentação estiverem todos resistentes e bem definidos; no dia que eu não lembrá-la com uma visão romântica; no dia que eu não resumir mais minha vida a escrever sobre qualquer coisa até chegar no lugar inevitável chamado "ela"; acho que nesse dia não terei mais nada pra contar e estar vivo será sem sentido...

P.S.: Crédito da imagem: "Sand_And_Anger" by irfan fatboy on deviantart.com