quarta-feira, 26 de maio de 2010

franqueza

Não sei bem das coisas, mas sei enrolar. Sei dizer e desdizer. Falar e mesmo assim manter um silêncio glacial. Ahh...silêncios glaciais... como sou bom nisso! Digo qualquer coisa que me vem à cabeça, porém tudo isso é silêncio, não é o que sinto de verdade; se fosse, minhas palavras não me sufocariam, minhas palavras não me diriam que estou quase sempre errado, elas não me diriam que faço o errado a quase todo momento, enfim, elas não diriam que sou tão tosco assim. Gelado, acho que é essa a palavra. Minha família já deve ter notado, antes mesmo que eu me desse conta e começasse a me beliscar, a atentar para minha própria verdade frustrante. Antes mesmo que eu desse o golpe final do entendimento do óbvio. Este óbvio que há muito tento entender e compreender para poder modificá-lo...
O melhor de mim é que consigo me extravasar aqui, e em casa quando ouço minhas músicas. Os acordes distorcidos do Slayer, baterias ligeiras, meus olhos fechados e compenetrados em qualquer visão mítica que me venha à cabeça. Não sei se essa sensação é normal, mas parece que meu eu dá saltos a cada batida da caixa da bateria, mesmo que eu esteja apenas deitado numa rede sem mexer nenhum de meus músculos.
Entretanto não posso ouvir música o tempo todo, até porque ela perderia o sentido que tem: remédios costumam perder o efeito quando são usados sempre... Então volto a me corroer por dentro. Volto a sentir o gosto amargo de não gostar de mim (ou de partes de mim), de não gostar das atitudes dos outros e aguentar calado, me engasgar com as idiotices dos outros, sentir o cheiro acre e desagradável de qualquer ridículo...
Peço desculpas mas essas palavras estavam pedindo pra saírem de mim, foi inevitável.

Imagino que no dia que eu finalmente me entender; no dia que eu puder definir a melhor máscara pra usar; no dia que eu parar de procurar sentidos inúteis para as coisas; no dia que meus pilares de sustentação estiverem todos resistentes e bem definidos; no dia que eu não lembrá-la com uma visão romântica; no dia que eu não resumir mais minha vida a escrever sobre qualquer coisa até chegar no lugar inevitável chamado "ela"; acho que nesse dia não terei mais nada pra contar e estar vivo será sem sentido...

P.S.: Crédito da imagem: "Sand_And_Anger" by irfan fatboy on deviantart.com

Nenhum comentário: